domingo, 22 de março de 2009

A Dança dos Cockatoos

O Centenial Park é um dos lugares que mais gosto em Sydney. Não é um parque comum só de grama e jardins. Têm muitas árvores antigas, pássaros, lagoas e até uma fonte brotando água cristalina. E foi na beira de uma dessas lagoas que escolhi para estender a minha canga, beber o meu suco, comer o meu sanduíche. Ahhh! :)
Rompendo o silencio do parque ouvi um bando incrivelmente grande e barulhento de psitacídeos brancos, os cockatoos. Olhei para aquelas aves já com um sorriso pela alegria que aquela cena me causou. Eram mais de 1000 pássaros em uma harmoniosa dança no cenário azul. Beleza pura! Eram tantos que a árvore em que pousavam se tornava branca com apenas pequenos pontos verdes. Muitos deles se voltavam para o sol, que já estava para se por. Queria que eles chegassem mais perto para que eu visse os detalhes, as penas. E num instante estavam eles justamente sobre a árvore que me fazia sombra! Vi as suas cristas amarelas e o seu jeito inquieto.
Aquele momento me instigou a conhecer um pouco mais sobre estes animais e quanto mais eu pesquisava mais queria saber. Então aqui esta um resumo da biologia dos cockatoos (pesquisado no "The Slater Field Guide to Australian Birds", do Slater e principalmente no "Handbook of Australian, New Zealand e Antarctic Birds, volume 4", do Higgins, recomendo ambos):
A vocalização é inconfundível o que auxilia na identificação do Cocatua galerita, o mais barulhento do gênero. Tem ampla distribuição , que vai de florestas, áreas urbanas a campos abertos. E ai que se incluem as fazendas, onde eles não são assim tao queridos pelos fazendeiros...adoram mastigar a colheita de cereais, sementes de girassol, uvas, laranjas, aboboras e batatas. Rasgam até os sacos de trigo para um lanche! Então, biólogos, nem pensar em introdução de psitacídeos em áreas em recuperação.
Viver em grandes bandos é comum nesta especie, mas por onde pesquisei só reportaram bandos com ate 500 animais, o que eu vi tinha mais que o dobro! Deve ser pela estação do ano. No outono e no inverno os bandos tem mais individuos porque não estão afastados para a reprodução. Durante as estacoes mais quentes boa parte dos casais (que vivem juntos por toda a vida) desovam nos ninhos que ficam encravados em buracos nos troncos das arvores. E atenção para a lição sobre reutilização: eles podem usar o mesmo ninho por mais de 50 anos! Afinal, para que abrir outro buraco em outra árvore se e mais fácil cobrir aquele com galhinhos novos? Pai e mãe dividem todas as tarefas, preparam o ninho, incubam, alimentam e protegem os filhotes.
Um casal ajuda o outro. Os machos revesam a função de ficar no todo da arvore mais alta da área de reproducao e avisa caso haja algum perigo. Mas não é apenas no período de reprodução que dão lição de trabalho em grupo. Durante o forrageio, que normalmente ocorre no chão, sempre há, no minimo, um individuo com a cabeça erguida para evitar que o grupo seja pego de surpresa. Em um sinal de alerta todos voam rapidamente em silencio.
Boas licoes para a nossa comunidade humana!

Observacao: o teclado aqui nao tem acentos entao tenho que fazer malabarismo para colocar a devida acentuacao, entao, releve uma ou outra falta de cedilha ou til pelo texto.

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